Escolher um fundo de investimento pode parecer uma tarefa complicada, mas é possível tornar esse processo mais fácil se observarmos alguns pontos importantes ao selecionar um fundo.
Para maximizar as chances de que os retornos desse fundo atendam ou superem minhas expectativas, inicialmente é importante pontuar quais os requisitos mínimos que essa empresa e seus profissionais deveriam atender para gerir um fundo como esse no qual quero aplicar.
Ao iniciar o processo de análise de gestores e fundos, o segundo ponto que deve ser analisado é o que torna essa empresa (e seus fundos) melhor do que seus concorrentes.
Procuramos agrupar todos os desdobramentos desses dois pontos, em um processo de análise, temos os seguintes títulos:
Passado & Presente
Procure entender como a empresa surgiu, quais são suas principais áreas de atuação e como está estruturada atualmente. Procure no Google o site da gestora e navegue pelas diferentes seções (caso haja – muitas vezes o site é bem simples).
Há uma seção específica do site de toda gestora em que a empresa é obrigada a disponibilizar documentos regulatórios. Um desses documentos que geralmente traz informações importantes é chamado de “Formulário de Referência”. Nele você terá acesso ao histórico da empresa e outras informações que auxiliarão a entender sua estrutura atual.
Procure em seções denominadas “Compliance”, “Políticas e Manuais”, “Informações Regulatórias”, “Documentos” ou termos parecidos com esses.
Pessoas
Utilize o Google, Linkedin ou o site da gestora para avaliar a qualificação das pessoas que administram o fundo.
Pode parecer um tanto óbvio, mas a gestão de um fundo de investimento é feita por seres humanos. São pessoas que fazem análises, que geram ideias de investimento, que gastam sola de sapato no Brasil e no mundo visitando empresas e profissionais de mercado e que também possuem uma formação acadêmica e um histórico profissional.
É preciso avaliar a bagagem desses profissionais: quantos anos de experiência possuem no mercado financeiro, por quais empresas passaram, quais funções tiveram. Essa etapa é inclusive mais importante do que medir a performance do fundo, que é muitas vezes reflexo de um time de investimentos bem qualificado e entrosado.
Processos
Vasculhando o site da gestora e os documentos que ela disponibilizar, procure entender como o gestor e sua equipe ganham dinheiro para o fundo. O processo utilizado é algo que pode ser replicado? É escalável? Quais os riscos que esse fundo corre?
Vale reforçar que cada fundo possui um processo de investimento específico e o que buscamos aqui é identificar se o processo está bem definido e formalizado, assim como adequado à estratégia do produto.
Produto
Aqui, busca-se entender as características operacionais do fundo, principalmente as suas taxas de administração e performance e o seu prazo de resgate.
Se as taxas forem elevadas demais, podem comprometer a capacidade do fundo de entregar bons retornos no longo prazo. Assim, avaliamos se os valores de taxa estão em linha com a complexidade da estratégia. Vale lembrar que é natural que fundos com estratégias mais complexas, como os multimercados ou fundos de ações, possuam taxas maiores do que as de fundos mais simples, como os de renda fixa.
Não existe regra para as taxas, mas podemos dizer que:
- Fundos de Renda Fixa sem exposição a crédito deveriam cobrar taxas inferiores a 1,00%.
- Fundos de Renda Fixa com exposição a crédito deveriam cobrar taxas inferiores a 1,00%, com exceção daqueles mais arrojados, que podem
chegar a cobrar até 2,00%. - Fundos Multimercados deveriam cobrar taxas entre 1,5% e 2,00% para aqueles mais arrojados e inferiores a 1,50% para aqueles com perfil
moderado ou conservador. - Fundos de Ações deveriam cobrar taxas entre 1,5% e 2,00%, com raríssimas exceções cobrando 3,00% (nesses casos, a taxa de performance
deveria ser zero).
Quanto ao prazo de resgate, é essencial que o período esteja alinhado com o tipo de ativo em que o fundo investe. Esse prazo costuma oscilar entre 1 e 90 dias, mas há muitos casos em que pode chegar a 180 ou 360 dias.
Se o fundo investe em ativos não tão líquidos, ter um prazo de resgate muito curto pode acabar comprometendo sua performance nos momentos mais intensos de solicitação de resgates.
Assim, evitamos selecionar os fundos cujas características operacionais estejam inadequadas à sua estratégia.
Performance
Já frisamos em outras publicações, mas vale reforçar: a performance de curto prazo (12 meses ou menos) não deveria ser levada em consideração isoladamente para se aplicar em um fundo.
Uma avaliação adequada dos retornos deve levar em conta principalmente horizontes mais longos, como de 24 ou 36 meses, ou desde o início do fundo, caso ele exista há menos tempo.
É elucidativo também analisar janelas de anos fechados, principalmente aqueles em que houve maior aversão a risco e pessimismo no mercado. Os anos de 2008, 2013 e 2015 são bons anos para se avaliar como os gestores se saíram, pois foram anos em que os ativos mais arriscados sofreram bastante. Para todas essas janelas, como ficaram as medidas de risco do fundo? Duas delas são a volatilidade e o “drawdown” (queda máxima desde último pico). Basicamente, quanto maior a volatilidade de um fundo, mais arriscado ele é. Analogamente, quanto maior o drawdown de um fundo, mais risco ele corre, tipicamente.
Além dos números do fundo isoladamente, é importante entender como o fundo se sai em comparação ao seu “benchmark” (ou objetivo de retorno) nas diferentes janelas mencionadas anteriormente.
Tudo isso para ter um melhor embasamento quantitativo necessário a fim de julgar a consistência dos retornos do fundo.
Você provavelmente não desejaria que uma performance atrativa de um fundo fosse fruto apenas de um movimento recente de mercado, que o gestor “surfou” de forma passiva. Temos de tentar entender se a capacidade de geração de retornos no longo prazo são um diferencial da gestora ou se foram simplesmente sorte.
Após analisar todos os pontos, lembre-se: apesar de estarmos falando de como selecionar um fundo, não se limite em selecionar um único produto, como se ele fosse uma grande aposta e merecesse todas as suas fichas.
O fato é que os fundos, juntamente com os outros tipos de investimentos (renda fixa, ações, etc) devem ser enxergados como as peças do quebra-cabeça que é o seu portfólio, a sua carteira. Cada investimento apresenta um fator de risco predominante, assim como cada fundo possui uma estratégia específica. Então, a fim de minimizar o risco da sua carteira e mantendo-se um determinado objetivo de retorno, lembre-se de diversificar. Recomendamos o investimento em, no mínimo, 6 ou 7 fundos de diferentes estratégias, dependendo do seu perfil de risco.
Referência: https://conteudos.xpi.com.br/aprenda-a-investir/relatorios/como-selecionar-um-fundo-de-investimento-2/